A movimentação global de indivíduos de alta renda segue em ascensão. Em 2025, a projeção é de que 142 mil milionários, pessoas com patrimônio líquido superior a US$ 1 milhão, mudem de país. Os dados são do Henley Private Wealth Migration Report 2025, produzido em parceria com a consultoria New World Wealth.

Essa fluxo de realocação patrimonial não acontece por acaso. Empresários, investidores e famílias de alta renda estão em busca de três pilares: eficiência tributária, segurança jurídica e qualidade de vida. E países que oferecem esse tripé tendem a atrair capital, enquanto outros se tornam exportadores de riqueza.

Neste artigo, você confere os principais destaques do relatório, com ênfase nos seguintes pontos:

  • O Brasil entre os líderes globais em êxodo de milionários
  • Os Emirados Árabes Unidos como o país mais atrativo em 2025
  • O crescimento dos Estados Unidos e de hubs europeus
  • As consequências econômicas para os países que perdem seus indivíduos mais ricos
Fonte: Visual Capitalist

Um movimento global de grandes fortunas

A migração de milionários em 2025 representa mais um recorde. De acordo com o Henley Report, estima-se que 142 mil indivíduos de alta renda deixarão seus países de origem, um crescimento de 6% em relação a 2024, quando aproximadamente 134 mil milionários mudaram de jurisdição.

Entre os principais fatores que impulsionam esse movimento estão:

  • Políticas tributárias agressivas ou imprevisíveis
  • Aumento da insegurança urbana e institucional
  • Dificuldades de mobilidade e proteção de patrimônio
  • Busca por educação, saúde e estilo de vida mais eficientes
  • Desejo de garantir sucessão e preservação intergeracional de riqueza

A realidade mostra que grandes fortunas não ficam presas a fronteiras. Elas seguem a lógica de proteção, previsibilidade e expansão.

Um recorde de 142 mil milionários deve mudar de país até o final de 2025, segundo levantamento da consultoria Henley & Partners
Fonte: New World Wealth

O êxodo das Américas: Brasil lidera a fuga de capital

Segundo o Henley Private Wealth Migration Report 2025, o Brasil deve registrar uma saída líquida de 1.200 milionários, mantendo-se como o principal exportador de riqueza da América Latina.

Outros países da região também enfrentam perdas significativas:

  • 🇨🇴 Colômbia: 150 milionários
  • 🇲🇽 México: 150 milionários
  • 🇦🇷 Argentina: 100 milionários
Os 10 países que deverão ter as maiores perdas de milionários em 2025, segundo a consultoria Henley & Partners. Fonte: New World Wealth

Em contrapartida, países como Malta (500), Costa Rica (350), Panamá (300), Chipre (250), Ilhas Cayman (200) e Bermudas (50) devem receber um fluxo crescente de indivíduos de alto patrimônio.

Esses destinos oferecem programas de residência acessíveis, baixa tributação sobre renda mundial, estabilidade política e serviços de alto padrão. Com isso, tornam-se refúgios seguros e vantajosos para milionários que desejam qualidade de vida com proteção patrimonial.

Costa Rica (350), Panamá (300), Ilhas Cayman (200) e Bermudas (50) devem receber um fluxo crescente de indivíduos de alto patrimônio. Fonte: New World Wealth

Por que os milionários estão saindo do Brasil

Em 2024, o Brasil registrou uma perda líquida de aproximadamente 800 milionários. Entre 2013 e 2023, a base de milionários brasileiros encolheu cerca de 28%. Essa é a sexta maior saída de milionários no mundo, figurando entre os países mais afetados.

Fatores que impulsionam a saída

Segundo a Henley & Partners, os principais motivadores que levam milionários brasileiros a sair incluem:

  • Busca por maior segurança, sobretudo devido à alta criminalidade;
  • Desejo de melhor qualidade de vida, com acesso à infraestrutura e serviços mais eficientes;
  • Necessidade de educação e saúde de qualidade;
  • Estabilidade econômica e previsibilidade normativa nos países de destino.

Frequentemente, os destinos preferidos são Estados Unidos e Portugal, principalmente por oferecerem estabilidade, segurança jurídica, maior similaridade cultural e programas de residência por investimento.

A escalada da criminalidade em grandes centros urbanos brasileiros, associada à sensação de insegurança crescente, tem sido um dos maiores motores do êxodo de milionários. Além disso, discussões recorrentes sobre aumento de impostos sobre patrimônio e herança, como a proposta de uniformização de alíquotas estaduais do ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos), aumentam a incerteza para famílias de alta renda. Essas questões se somam a uma percepção de falta de estabilidade normativa, com mudanças frequentes em políticas econômicas, o que leva muitos brasileiros a buscarem destinos que ofereçam previsibilidade jurídica e fiscal, como EUA e países da União Europeia.

Emirados Árabes Unidos: principal destino global de milionários

Segundo o relatório, os Emirados Árabes Unidos (UAE) consolidam-se em 2025 o país com maior influxo de milionários, recebendo cerca de 9.800 novos residentes milionários, o maior número global.

Fatores que tornaram os UAE tão atraentes:

  • Taxação zero sobre renda e ganhos de capital;
  • Programas de residências facilitadas, como vistos Golden Visa;
  • Infraestrutura de ponta e estilo de vida luxuoso;
  • Estabilidade política e econômica.

Tendência histórica

Esse é o terceiro ano consecutivo em que os UAE aparecem como o principal destino de milionários; em 2024, a entrada já havia sido de cerca de 6.700 milionários. Algumas estimativas falam em até 116.500 milionários residentes no país, com crescimento de 77% entre 2013 e 2023. Investidores atraídos pelos Emirados vêm da Europa (incluindo Reino Unido), América Latina, Índia, Rússia e África.

A atratividade dos Emirados Árabes Unidos nos últimos anos também é impulsionada pelas reformas constantes que ampliam os benefícios para investidores. Programas como o Golden Visa passaram a oferecer permissões de residência de 10 anos, estendendo-se a membros da família e colaboradores-chave das empresas dos investidores. Além disso, a criação de zonas francas especializadas para setores como tecnologia, saúde e finanças, com 100% de isenção fiscal e controle estrangeiro integral das empresas, tornou os UAE um ambiente ainda mais competitivo para quem busca estabilidade e crescimento de patrimônio.

Estados Unidos: segundo maior receptor global

Embora os UAE mantenham o topo, os Estados Unidos aparecem como o segundo maior receptor de milionários em 2025, com projeção de 7.500 novos milionários. Esse crescimento é parcialmente estimulado por programas como o EB-5 (visto de investimento) e propostas futuras de um “gold card”.

Nos EUA, entre 2014 e 2024, a população milionária cresceu 78%, o maior crescimento entre os 10 países mais ricos. Cidades como Nova York e o Vale do Silício acumulam quase 400 mil milionários cada, indicando forte concentração urbana desse capital.

Crescimento de outros hubs: o destaque europeu

Além de EUA e UAE, alguns países europeus registram crescimento significativo:

  • 🇮🇹 Itália: +3.600 novos milionários previstos em 2025;
  • 🇵🇹 Portugal: +1.400 milionários;
  • 🇬🇷 Grécia: +1.200 milionários;
  • 🇨🇭 Suíça: +3.000 milionários.

Perdas globais expressivas: Reino Unido, China e Índia

Reino Unido: maior êxodo global em 2025

Em 2025, o Reino Unido lidera em saída líquida: 16.500 milionários devem sair, à frente da China, um recorde desde que o estudo foi iniciado há 10 anos.

Motivos principais:

  • Reforma do visto de investimento Tier 1 (extinto em 2022);
  • Fim do regime “non-dom” (não domiciliado), com novas regras desde março/abril de 2024;
  • Aumento de impostos sobre renda, ganho de capital e herança;
  • Ambiente político pós-Brexit menos atrativo

China: controle crescente sobre fortunas

A China permanece entre os principais exportadores de milionários: estimativa de 15.200 saídas em 2024 e patamar similar em 2025. Essa tendência reflete preocupações crescentes de indivíduos de alta renda com o ambiente regulatório e político do país.

Desde 2020, medidas mais rigorosas de controle de capitais, fiscalização sobre grandes fortunas e políticas voltadas à “prosperidade comum” elevaram a percepção de risco para quem detém patrimônio elevado, motivando famílias a buscar jurisdições que ofereçam maior liberdade para movimentação de ativos e planejamento sucessório.

Além disso, tensões geopolíticas constantes, como as disputas comerciais com os Estados Unidos e restrições tecnológicas, reforçam o receio quanto à estabilidade de longo prazo. Países como Singapura, Austrália e Emirados Árabes Unidos despontam como destinos preferenciais para esses milionários chineses, por aliarem segurança jurídica, ambiente de negócios favorável e programas de residência que facilitam a mobilidade internacional.

Índia: alta carga tributária e busca por eficiência

Também registra saída expressiva em 2024: 4.300 milionários. Entre os principais motivos estão a alta carga tributária sobre grandes fortunas, a complexidade regulatória para investimentos e sucessões, além da preocupação com infraestrutura urbana, educação e serviços de saúde, especialmente para famílias que buscam padrões internacionais.

Outro fator relevante é a percepção de oportunidades mais amplas fora do país, com destinos como Emirados Árabes Unidos e Estados Unidos figurando entre os favoritos. Esses países oferecem programas de vistos que permitem a aquisição de residência em troca de investimentos, possibilitando melhor planejamento fiscal e acesso a mercados globais.

Implicações para o Brasil

A contínua saída de milionários acende alertas para o futuro do Brasil:

  • Fuga de capital e talentos, com perda de networking, empreendedorismo e investimento local;
  • Maior força de destinos estrangeiros, como EUA e Portugal, que oferecem estabilidade normativa e regimes vantajosos;
  • Oportunidade de recomposição: o país poderia reverter a tendência investindo em segurança, reformas tributárias e atratividade para influenciar boas condições econômicas.

Conclusão: riqueza é móvel, e segue oportunidades

O relatório Millionaire Migration 2025 mostra como grandes patrimônios são altamente estratégicos. Em um mundo cada vez mais volátil, quem tem capital quer previsibilidade.

  • O Brasil desponta como sexto grande exportador mundial de milionários (~ 800 em 2024), motivado por busca de segurança, qualidade de vida e estabilidade;
  • Os Emirados Árabes Unidos consolidam seu posto como principal destino mundial, atraindo quase 10 mil milionários em 2025, graças à taxação zero, estabilidade e Golden Visas;
  • Os Estados Unidos continuam como um hub robusto, com crescimento de 78% no número de milionários ao longo da década, apoiado por programas de investimento imigratório;
  • Países como Itália, Portugal e Suíça crescem como hotspots secundários, alinhando benefícios fiscais, qualidade de vida e facilidades legais;

Esse cenário indica que a mobilidade da riqueza segue guiada por três eixos: tributação, segurança e oportunidade, levando milionários a buscar ambientes onde esses fatores são mais favoráveis.

A conclusão é objetiva: riqueza vai onde é bem tratada.

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