Se você está em busca de expandir sua empresa para o exterior, blindar seu patrimônio ou pagar menos impostos de forma legal, entender como abrir uma offshore pode ser o primeiro passo para transformar sua realidade empresarial.

O uso de empresas offshore como ferramenta para gerir negócios e ativos é uma estratégia milenar, usada por muitos empresários que buscam blindar patrimônios, obter otimização fiscal e ter acesso a moedas fortes, como o dólar e o euro, por exemplo. Quando bem planejada e estruturada com respaldo jurídico, os benefícios de abrir uma empresa offshore podem ir além dos já citados. 

Neste artigo, você vai descobrir tudo o que você precisa saber para abrir uma offshore, como funciona uma estrutura internacional, quais os benefícios reais que ela oferece e o passo a passo para abrir sua empresa fora do Brasil com total segurança jurídica. 

Também vamos esclarecer os principais mitos, mostrar as jurisdições mais recomendadas para o seu negócio e explicar o que diz a lei brasileira sobre o tema. Acompanhe até o fim e veja como uma estrutura offshore pode mudar o jogo do seu negócio e o seu patrimônio.

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O que é uma empresa offshore?

Definição e finalidade

Empresas offshore são estruturas jurídicas constituídas fora do país de residência dos seus sócios ou beneficiários. Elas são utilizadas como uma estratégia legítima de planejamento patrimonial, fiscal e empresarial, especialmente por quem busca proteger ativos, expandir seus negócios globalmente ou operar com mais liberdade e eficiência.

Abrir uma offshore não é apenas uma questão de endereço fiscal. Na prática, ela permite que empresários e investidores acessem benefícios estratégicos como:

  • Blindagem patrimonial contra riscos jurídicos locais;
  • Redução da carga tributária dentro dos limites legais;
  • Diversificação cambial e bancária;
  • Maior privacidade e sigilo nas operações;
  • Expansão internacional com menor burocracia e custos operacionais.

Essas vantagens fazem com que a estratégia de abrir uma offshore seja amplamente utilizada por empresas digitais, grupos familiares, multinacionais e investidores de alta renda ao redor do mundo.

Tipos de empresas offshore 

Ao abrir uma empresa offshore, o tipo de estrutura a ser adotada irá depender do objetivo estratégico do empresário. Abaixo, listamos os formatos mais comuns:

  • IBC (International Business Company): Ideal para operações comerciais internacionais, holdings de participação, prestação de serviços digitais e gestão de receitas em múltiplas moedas. 
  • LLC (Limited Liability Company): Indicada para negócios que desejam flexibilidade societária e proteção de responsabilidade limitada. 
  • Trusts internacionais: Usadas para planejamento sucessório e blindagem patrimonial. Permitem transferir ativos para um gestor fiduciário, garantindo maior controle sobre heranças, distribuição de bens e proteção contra credores ou disputas legais.
  • Fundos privados (Private Funds ou Private Interest Foundations): Voltados para estruturação de patrimônio familiar ou institucional, com foco em gestão de ativos e proteção legal de longo prazo.

Cada tipo de entidade atende a finalidades distintas. Por isso, escolher a estrutura correta depende do perfil do empresário, da natureza dos ativos e dos objetivos de médio e longo prazo.

Mitos e verdades sobre empresas offshore

Ao contrário do que muitos pensam, o uso de offshores é perfeitamente legal, desde que a estrutura esteja em conformidade com as leis do país de origem do titular. Essas empresas são amplamente utilizadas por empresários, investidores e famílias de alta renda como ferramentas legítimas de estratégia internacional.

Mais adiante, você entenderá o que a legislação brasileira cita sobre empresas offshore: Afinal, ter uma estrutura no exterior é mesmo permitido para brasileiros? Continue lendo para entender.

Por que abrir uma offshore?

A estruturação de uma empresa offshore é uma decisão estratégica para empresários e investidores que desejam ir além das limitações impostas pelo ambiente jurídico e tributário local. Mais do que uma forma de internacionalizar seus ativos, uma offshore bem estruturada permite ganhos reais em eficiência, proteção e competitividade global.

Vantagens fiscais e patrimoniais

Uma das maiores motivações para a abertura de uma offshore é a possibilidade de reduzir legalmente os encargos fiscais. Isso é feito por meio da elisão fiscal: um conjunto de estratégias jurídicas que permite ao empresário pagar menos impostos, respeitando a legislação dos países envolvidos.

Proteção de ativos e sigilo bancário

Outro diferencial importante é a blindagem patrimonial que uma offshore pode proporcionar. Ao registrar seus ativos em uma entidade jurídica internacional, o empresário cria uma camada adicional de proteção contra riscos locais, como disputas judiciais, instabilidade política ou conflitos societários.

Expansão internacional e acesso a novos mercados

Empresas offshore também são utilizadas como pontes de entrada para novos mercados. Isso permite realizar transações em moedas fortes, como dólar, euro, libra e franco suíço, com maior liberdade e agilidade.

Com uma estrutura internacional, é possível:

  • Abrir contas bancárias offshore;
  • Receber pagamentos de clientes internacionais com menor burocracia;
  • Reduzir custos operacionais e fiscais;
  • Ampliar a presença da marca fora do Brasil.

Esse modelo é especialmente vantajoso para negócios digitais, investidores com ativos no exterior e empresas com atuação global, que, ao usar a estratégia offshore, passam a operar com mais flexibilidade, segurança jurídica e competitividade.

Conheça mais vantagens aqui: 

Como abrir uma offshore: passo a passo

Abrir uma empresa offshore pode ser menos complexo do que parece, desde que você siga as etapas corretas e conte com o suporte de especialistas. O processo envolve decisões estratégicas desde a escolha da jurisdição até a abertura da conta bancária internacional. 

Abaixo, explicamos o caminho ideal para estruturar sua offshore com segurança, agilidade e em conformidade com as normas internacionais.

Escolha do país e da estrutura legal

O primeiro passo é entender qual país e estrutura jurídica fazem mais sentido para os seus objetivos. Cada jurisdição possui regras, benefícios fiscais, custos e níveis de sigilo distintos. O ideal é alinhar a escolha da localidade com a natureza da sua operação e o perfil da sua empresa, seja ela patrimonial, operacional ou de investimento.

Documentação necessária para abrir a empresa offshore

Após definida a jurisdição, o próximo passo é reunir os documentos exigidos para registro da empresa. Apesar de variar conforme o país, normalmente são solicitados:

  • Passaporte válido;
  • Comprovante de endereço recente;
  • Carta de referência bancária ou profissional;
  • Formulários KYC (Know Your Customer);
  • Declarações de origem dos recursos e propósito da estrutura.

Esses documentos serão usados para validar a identidade do(s) beneficiário(s) final(is) e garantir a conformidade com normas internacionais de combate à lavagem de dinheiro.

Registro da offshore

Nesta etapa são definidos o nome da empresa, a estrutura societária, os diretores e acionistas (quando exigido), e o agente ou prestador de serviço local autorizado.

Abertura da conta bancária internacional e compliance

Uma das etapas mais importantes e sensíveis é a abertura da conta bancária no exterior. Atualmente, os bancos internacionais têm regras rigorosas de compliance e exigem uma justificativa clara para a movimentação da empresa. Por isso, é essencial apresentar:

  • Business plan ou carta de atividades;
  • Documentação completa da empresa e dos beneficiários;
  • Previsão de faturamento e principais mercados de atuação.

Essa etapa pode ser realizada em bancos físicos ou digitais, e nem sempre é feita no mesmo país onde a offshore foi aberta.

Acompanhamento jurídico e fiscal

Por fim, é fundamental contar com uma assessoria especializada que acompanhe todo o processo de abertura e manutenção da offshore. Isso inclui o atendimento às obrigações regulatórias do país onde a empresa foi registrada e também do Brasil.

Legalidade e regulamentação de offshores no Brasil

O que diz a legislação brasileira

A legislação brasileira não proíbe a constituição de empresas no exterior. Pelo contrário: ela permite e até reconhece o uso de estruturas internacionais, desde que o contribuinte brasileiro cumpra suas obrigações de transparência e declare corretamente a existência da offshore e os rendimentos obtidos.

Regras do Banco Central e da Receita Federal (CBE e Carnê-Leão)

Para manter sua estrutura internacional dentro da legalidade, é fundamental cumprir uma série de obrigações fiscais e regulatórias estabelecidas pelos órgãos competentes no Brasil. Os dois principais são:

  • Receita Federal – Declaração no Imposto de Renda (IRPF): Toda participação societária em empresa offshore deve ser declarada anualmente à Receita Federal, mesmo que a empresa não tenha distribuído lucros no período. 
  • Banco Central – Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior (CBE): O Banco Central exige que pessoas físicas e jurídicas residentes no Brasil que mantêm ativos no exterior acima de US$ 1 milhão (em valor total) realizem a CBE anualmente. A omissão ou erro nessa declaração pode gerar multas que ultrapassam R$ 250 mil, dependendo da infração.
  • Compliance e rastreabilidade: Além das obrigações formais, é importante garantir que todas as movimentações financeiras feitas pela offshore estejam documentadas, rastreáveis e em conformidade com normas internacionais de prevenção à lavagem de dinheiro (PLD) e ao financiamento ao terrorismo (CFT). 

O que diz a nova Lei das Offshores

A chamada Lei das Offshores (Lei nº 14.754/2023), trouxe mudanças importantes para empresários brasileiros que possuem empresas sediadas no exterior. Na prática, a nova lei alterou a forma como o Brasil trata os lucros acumulados em offshores por pessoas físicas residentes fiscais no país. Veja os principais pontos:

1. Tributação automática dos lucros, mesmo sem distribuição

Antes dessa lei, o lucro de uma empresa offshore só era tributado no Brasil quando efetivamente distribuído ao titular (isto é, quando saía da empresa e entrava como rendimento pessoal). Com a nova legislação, esses lucros passam a ser tributados anualmente, ainda que não tenham sido repassados ao sócio residente no Brasil.

2. Alíquotas aplicáveis

A lei estabelece uma alíquota progressiva sobre o lucro acumulado:

  • 0% para rendimentos até R$ 6.000 ao ano;
  • 15% para a faixa entre R$ 6.000 e R$ 50.000;
  • 22,5% para rendimentos acima de R$ 50.000.

Essa tributação segue a lógica do carnê-leão e precisa ser declarada anualmente na declaração do IRPF.

3. Possibilidade de fundir ativos no exterior por meio de trusts ou fundos exclusivos

A legislação também regulamenta a tributação de trusts e fundos exclusivos no exterior, que antes não tinham regras claras. Agora, tanto o momento da constituição quanto a distribuição de rendimentos desses instrumentos devem seguir normas específicas para fins de declaração e tributação no Brasil.

Evite riscos: como manter sua offshore em conformidade

É essencial estruturar sua offshore com suporte jurídico especializado, garantindo que cada etapa esteja em conformidade tanto com a legislação local da jurisdição escolhida quanto com as regras brasileiras. 

O mesmo vale para manutenção da estrutura internacional, já que ter uma offshore e não declará-la corretamente pode trazer implicações fiscais e jurídicas sérias, como:

  • Multas elevadas por omissão de patrimônio no exterior;
  • Risco de autuação por evasão fiscal;
  • Complicações legais com operações financeiras internacionais.

A TelliCoJus assessora empresários que desejam abrir uma offshore operacional ou patrimonial. Consulte os nossos especialistas para saber qual é a melhor estratégia para o seu caso.

Onde abrir uma offshore? Jurisdições mais recomendadas

Escolher a jurisdição certa é um dos passos mais estratégicos na hora de estruturar sua empresa offshore. Cada país oferece benefícios distintos, que variam conforme o perfil da operação, os objetivos fiscais e patrimoniais, e o nível de exposição que o empresário está disposto a assumir. Abaixo, listamos algumas das mais indicadas para empresas e investidores brasileiros:

Panamá

Considerado um dos destinos mais populares da América Latina, o Panamá oferece um bom custo-benefício, agilidade na abertura da empresa e regime fiscal territorial. 

Vantagens principais:

  • Isenção sobre lucros de operações internacionais;
  • Processos rápidos e simplificados;
  • Forte proteção patrimonial.

Ilhas Cayman

Uma das jurisdições mais consolidadas do mundo, as Ilhas Cayman são referência global em privacidade e solidez institucional. 

Vantagens principais:

  • Zero tributação sobre receitas internacionais;
  • Confidencialidade elevada;
  • Ambiente jurídico confiável para grandes fortunas.

Delaware (EUA)

Embora não seja considerada um paraíso fiscal, o estado de Delaware é amplamente usado por empresas que desejam operar com segurança nos Estados Unidos.

Vantagens principais:

  • Boa reputação internacional;
  • Facilidade de abertura e baixo custo de manutenção;
  • Ideal para SaaS, e-commerce, consultorias e empresas digitais.

Bahamas

As Bahamas oferecem uma estrutura offshore sólida, com ampla aceitação internacional e proximidade com os Estados Unidos. 

Vantagens principais:

  • Regime fiscal vantajoso para não residentes;
  • Alto nível de confidencialidade;
  • Ambiente bancário estável.

Dubai (Emirados Árabes Unidos)

Dubai tornou-se uma potência em estruturação internacional. Suas Zonas Francas oferecem isenção de impostos para empresas que operam exclusivamente fora do território dos Emirados.

Vantagens principais:

  • Isenção fiscal para operações externas;
  • Sistema regulatório moderno;
  • Excelente infraestrutura para empresas globais.

Quanto custa abrir uma offshore? Entenda os valores, burocracias e benefícios por jurisdição

O custo para abrir uma empresa offshore pode variar significativamente conforme o país escolhido, o tipo de estrutura jurídica e os objetivos do empresário. Não existe um valor fixo ou padrão global. Por isso, entender os fatores que impactam nesse investimento é fundamental para fazer uma escolha estratégica e alinhada ao perfil da operação.

Quais são os principais custos envolvidos?

Ao estruturar uma offshore, os principais custos geralmente são:

  • Taxa de constituição da empresa: valor cobrado pelo governo ou agente local para registrar a entidade;
  • Honorários de agentes e prestadores de serviço: incluem serviços jurídicos, registros, compliance e entrega de documentação;
  • Custos bancários e abertura de conta internacional: podem incluir taxas de análise e manutenção, especialmente em bancos mais criteriosos;
  • Taxa anual de renovação da empresa: para manter a empresa ativa e regular perante a jurisdição escolhida;
  • Serviços contábeis ou administrativos: dependendo do país, pode haver necessidade de relatórios ou manutenção de registros, mesmo que não obrigatórios.

Na prática, o investimento inicial para abrir uma offshore pode partir de US$ 8.000, dependendo da jurisdição, sem considerar outros elementos importantes como: planejamento estratégico, a abertura de conta bancária offshore, assessoria internacional, dentre outras exigências e custos adicionais.

Diferenças de custos, burocracia e benefícios

Alguns países oferecem processos mais rápidos e baratos, enquanto outros exigem mais comprovações e custos de manutenção maiores. Por isso, é fundamental analisar o cenário como um todo: não basta escolher a jurisdição mais barata ou mais conhecida. 


Quando vale a pena abrir uma offshore?

Entender quando realmente vale a pena investir em uma offshore é essencial para que a operação gere os resultados esperados e esteja em total conformidade com as leis brasileiras e internacionais.

Perfil ideal de quem se beneficia dessa estrutura

  • Investidores com patrimônio relevante
  • Empresários que operam com clientes internacionais
  • Negócios digitais com faturamento a partir de R$ 300 mil por mês 
  • Famílias com foco em blindagem e sucessão patrimonial internacional

Situações em que abrir uma offshore pode ser arriscado

  • Quando não há objetivos claros, planejamento e acompanhamento jurídico e contábil;
  • Quando há objetivos ilegais ou ocultação patrimonial;
  • Uso da estrutura sem entendimento dos deveres fiscais;
  • Quando o negócios tem operação exclusivamente local no Brasil;
  • Quando não há faturamento relevante ou necessidade de atuação internacional.

Por isso, antes de decidir, avalie o seu faturamento, perfil patrimonial, objetivos de longo prazo e exposição fiscal atual. Essa clareza permitirá tomar uma decisão segura e rentável para o futuro do seu negócio ou da sua família.

Exemplo comparativo: Empresa no Brasil x Offshore

Enquanto no Brasil um negócio digital pode arcar com até 34% de impostos sobre o faturamento, uma estrutura offshore no Panamá pode operar com isenção total sobre lucros gerados fora do país. A diferença impacta diretamente na margem de lucro, na escalabilidade e na competitividade global da operação.

Assista ao vídeo para saber mais sobre esta jurisdição:

FAQ — Perguntas frequentes

1. É ilegal ter uma offshore?
Não. Desde que a empresa seja declarada corretamente, é uma prática legal e reconhecida.

2. Preciso declarar uma offshore no imposto de renda?
Sim. A Receita exige a declaração do patrimônio e dos rendimentos obtidos com a estrutura, além da CBE no Banco Central (para valores acima de US$ 1 milhão).

3. Qual o valor mínimo para abrir uma offshore?
Embora não exista um valor mínimo legal, a estrutura offshore é mais indicada para empresas que tenham faturamento a partir de R$ 300 mil por mês ou que o empresário possua patrimônio aproximado de R$ 5 milhões ou mais. 
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